Experiência do AVC

Em 01/10/2017 sofri a intercorrência de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) que alterou fortemente minha rotina. Percebi que algo estava errado, pois a força e a orientação estavam falhando. Cair e bater a cabeça só iria piorar o que já estava ruim. Me foquei em não permitir que isto viesse a ocorrer. Com as forças me abandonando, sentei-me no chão do banheiro, com as costas apoiadas no gabinete da pia e comecei a chamar pela minha esposa, que percebeu a alteração na voz.

Daí pra frente comecei a afundar cada vez mais, a ponto de não mais ter certeza de que iria sobreviver.

A portaria do Residencial, prestou imensa ajuda: chamaram a ambulância , me retiraram do chão e me colocaram em uma poltrona até a chegada do resgate. A partir daí me lembro pouco das ocorrências pois fui perdendo a consciência. Segundo a minha esposa, fui encaminhado para a UTI do HCOR , onde permaneci por 26 dias. Este período foi muito angustiante, pois não compreendia nada do que ocorria, mesmo que falassem comigo, somente ouvia ruídos desconexos.

Depois do período de UTI fui para o quarto do hospital, por aproximadamente 2 meses onde permaneci sem falar e confuso. O próximo passo era retornar para casa.

AVC e Reabilitação

Tivemos que adaptar a casa para que eu pudesse ter o mínimo de conforto. O escritório da casa possui um banheiro por isso o transformamos em quarto. Nesse período utilizava cama hospitalar, usava sonda, traqueostomia, ainda era dependente para fala, necessitava de cuidador 24 horas e iniciei com os profissionais de saúde o processo de reabilitação.

Acupuntura, fonoaudiologia, fisioterapia, terapia ocupacional e mantinha acompanhamento médico. Com a acupuntura e Fono comecei a falar. Depois eu mesmo arranquei a traqueostomia e fiz procedimento cirúrgico para retirada completa do tubo alimentar. Com a fisioterapia comecei a administrar o meu corpo, exercitar a marcha, ortostatismo e equilíbrio.

Com a terapia ocupacional comecei a desenvolver a independência, autonomia e estimular o cognitivo com foco na retomada de atividades cotidianas. Nesse período conforme me recuperava obtive a cidadania portuguesa (conclusão de um processo anterior) e reativei o meu conselho de psicologia (CRP). Com as terapias comecei a ficar cognitivamente mais ativo e menos passivo enxergando coisas que não são visíveis aos olhos comuns… fui retomando a minha identidade.