Apropriação do sentimento
O tempo e o espaço são variáveis que se comportam de maneira diversa entre a cronologia comum e o pensamento puro. Quando pensamos em algo é como se o tempo parasse até que passemos para outro pensamento ou até concluirmos a ideia do pensamento inicial.
O cérebro serve para interpretar o que se sente. Quando você interpreta o que está sentindo, o sentimento passa a ter uma representação cerebral.
A representação cerebral faz menção a algo que se sentiu. O sentir puro é muito rápido e não é acessível pela memória. Depois que a representação cerebral é criada é que passa a ser acessível, portanto, o sentir puro não é uma característica cerebral. Apenas acessamos as memórias ligadas ao sentir vivido.
O sentir puro, apesar de não ser acessível pela memória também é muito importante para o funcionamento da vida no corpo.
Quando você pensa em reabilitação, pensa-se em neurônios e circuitos aferentes e eferentes e para ser eficiente no funcionamento, precisamos ter harmonia nas respostas de ambos os circuitos. Quando se tem uma lesão cerebral os circuitos estão desarmonizados e as respostas do corpo são mais lentas e desorganizadas.
Um fato durante a minha reabilitação me chamou a atenção: uma queda de costas repentina fez com que o corpo se auto protegesse, interpretando os estímulos aferentes e coordenando os estímulos eferentes de maneira harmoniosa e eficiente. Parecia que um outro ser havia incorporado, de tão eficaz que foi. Mas foi tão rápido que a memória registrou apenas o ocorrido (sentir puro), não criando uma representação cerebral que pudesse ser acessada pela memória. Portanto, não gerou aprendizado motor.
Concluindo, o sentir é que dará as conexões aferentes e eferentes necessárias a função motora, portanto, se harmonizar com o sentir aumenta a probabilidade de aprendizado.